Pe. Zezinho, scj
Como outros tantos dramas, em poucas semanas, também este será esquecido pela mídia. O drama do menino Sean Goldman. A Folha de São Paulo noticiava no dia 24 de dezembro, véspera de Natal, que a avó materna de Sean, com ela desde os dois anos, teria dito que a devolução do menino ao pai era um crime hediondo. Dores de avó á parte, que sempre devem ser respeitadas, fixemo-nos no direito de pai e de avô. A filha morreu e o fruto dela filha estava com eles. Diga-se de passagem, sem o consentimento do pai. Ela viera em férias e não mais voltou.
Se os avós tivessem lutado pelo direito do neto de conviver com o pai, se tivessem instado com a filha para que deixasse o menino ir ver o pai, se o pai desde o começo tivesse vindo ver o menino, se o novo marido dela tivesse, culto que é, lutado para que as coisas se resolvessem no diálogo e se, tão logo a filha morreu, tivesse havido ainda mais diálogo, o trauma seria bem menor. Dizem os dois lados que tudo isso foi feito. Então por que o conflito internacional?
Visto apenas por um ângulo tudo parece correto. Mas toda questão tem muitos ângulos. E é porque o coração humano nem sempre busca a justiça, e muitas vezes não consegue dialogar que há juízes. Estes levam em conta a dor dos pais, a dos avós a dos filhos, as leis das duas nações e também o sentimento popular. Alguém radicalizou. Os juízes podem até errar, mas erram bem menos do que uma família abalada pela possível perda de um ente querido. É pois, hipérbole chamar de crime hediondo, a obediência ás leis internacionais.
Nesse terreno de afeto e direitos resvala-se facilmente para o sentimento pessoal. É assim que somos. "Estou ferido, logo esta lei não presta! Não me favoreceu! Tem que ser mudada". É o que se ouve de partidos, ideologias, religiões e indivíduos. Tomamos quase sempre o lado que nos favorece. Imparcialidade não é o nosso forte. "Nosso candidato é o bom. O outro tem seus valores, mas não chega aos pés do nosso. Nossa Igreja tem as respostas; as outras, ou têm ou não têm o suficiente. Nossa família tem mais direitos. Conosco ele ficaria melhor! " Precisamos de juízes quando nosso juízo fica toldado pelos nossos sentimentos.
Não tendo coração de avô e avó, podemos imaginar quem falou mais forte no caso do menino Sean. Queriam manter consigo o fruto da filha falecida. O pai, ao que tudo indica, desde o começo o queria de volta. Tivesse havido mais diálogo a criança estaria hoje habituada a viajar entre os dois países. Sacharemos o culpado? E isso ajuda em quê? Não tendo havido essa abertura, o garoto que, o tempo todo precisou da ajuda dos juízes, certamente precisará por mais algum tempo da ajuda de psicólogos. O caso do menino abduzido em Goiás e de sua mãe abdutora sirva-nos de exemplo. À dura custa venceram os pais. Esperamos que o moço esteja bem. Mas o judiciário precisou agir.
O sentimento nem sempre permite julgar com isenção. Por isso precisamos de juízes. A lei às vezes é bem mais serena!
www.padrezezinhoscj.com
Fonte: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/mensagem.aspx?Data=25%2f7%2f2010&MensagemID=1469
Como outros tantos dramas, em poucas semanas, também este será esquecido pela mídia. O drama do menino Sean Goldman. A Folha de São Paulo noticiava no dia 24 de dezembro, véspera de Natal, que a avó materna de Sean, com ela desde os dois anos, teria dito que a devolução do menino ao pai era um crime hediondo. Dores de avó á parte, que sempre devem ser respeitadas, fixemo-nos no direito de pai e de avô. A filha morreu e o fruto dela filha estava com eles. Diga-se de passagem, sem o consentimento do pai. Ela viera em férias e não mais voltou.
Se os avós tivessem lutado pelo direito do neto de conviver com o pai, se tivessem instado com a filha para que deixasse o menino ir ver o pai, se o pai desde o começo tivesse vindo ver o menino, se o novo marido dela tivesse, culto que é, lutado para que as coisas se resolvessem no diálogo e se, tão logo a filha morreu, tivesse havido ainda mais diálogo, o trauma seria bem menor. Dizem os dois lados que tudo isso foi feito. Então por que o conflito internacional?
Visto apenas por um ângulo tudo parece correto. Mas toda questão tem muitos ângulos. E é porque o coração humano nem sempre busca a justiça, e muitas vezes não consegue dialogar que há juízes. Estes levam em conta a dor dos pais, a dos avós a dos filhos, as leis das duas nações e também o sentimento popular. Alguém radicalizou. Os juízes podem até errar, mas erram bem menos do que uma família abalada pela possível perda de um ente querido. É pois, hipérbole chamar de crime hediondo, a obediência ás leis internacionais.
Nesse terreno de afeto e direitos resvala-se facilmente para o sentimento pessoal. É assim que somos. "Estou ferido, logo esta lei não presta! Não me favoreceu! Tem que ser mudada". É o que se ouve de partidos, ideologias, religiões e indivíduos. Tomamos quase sempre o lado que nos favorece. Imparcialidade não é o nosso forte. "Nosso candidato é o bom. O outro tem seus valores, mas não chega aos pés do nosso. Nossa Igreja tem as respostas; as outras, ou têm ou não têm o suficiente. Nossa família tem mais direitos. Conosco ele ficaria melhor! " Precisamos de juízes quando nosso juízo fica toldado pelos nossos sentimentos.
Não tendo coração de avô e avó, podemos imaginar quem falou mais forte no caso do menino Sean. Queriam manter consigo o fruto da filha falecida. O pai, ao que tudo indica, desde o começo o queria de volta. Tivesse havido mais diálogo a criança estaria hoje habituada a viajar entre os dois países. Sacharemos o culpado? E isso ajuda em quê? Não tendo havido essa abertura, o garoto que, o tempo todo precisou da ajuda dos juízes, certamente precisará por mais algum tempo da ajuda de psicólogos. O caso do menino abduzido em Goiás e de sua mãe abdutora sirva-nos de exemplo. À dura custa venceram os pais. Esperamos que o moço esteja bem. Mas o judiciário precisou agir.
O sentimento nem sempre permite julgar com isenção. Por isso precisamos de juízes. A lei às vezes é bem mais serena!
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Fonte: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/mensagem.aspx?Data=25%2f7%2f2010&MensagemID=1469
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