Do ponto de vista meteorológico, a seca não é um mito. O mito consiste na noção de que esse fenômeno natural seja o responsável pelo drama social da população nordestina, alimentado pelo regionalismo elitista que sempre escondeu as causas sociais da miséria, culpando a condição climática do Nordeste.
O preconceito antinordestino, como expressão do racismo, é antigo. A participação majoritária dos negros e mulatos na população do Nordeste, que contrasta com a hegemonia dos brancos no Sudeste e, em proporção maior, no Sul, reflete a história da escravidão e da imigração européia no Brasil. Aí se encontram os fundamentos do preconceito tradicional antinordestino, que se atualizou aproveitando o próprio regionalismo das elites do Nordeste.
A vinda dos nordestinos para a capital paulista acompanhou o crescimento urbano de São Paulo no século XX. A partir da década de 1950, entretanto, essa migração aumentou de modo considerável, em razão da demanda de emprego decorrente do processo de industrialização da região Sudeste.
No Sudeste, desenvolveram-se atitudes veladas de preconceito contra os migrantes nordestinos. A migração nordestina era vista como invasão da pobreza. Na realidade, os nordestinos constituíram mão-de-obra importante para o crescimento econômico do Sudeste.
No final do século XX, o preconceito antinordestino assumiu, no Sul do país, a forma do separatismo. O imigrante europeu, visto como fonte de trabalho e de riqueza, e o nordestino, visto como fonte de preguiça e de pobreza, exemplificam a discriminação que somente serve para mascarar a pobreza e a miséria que existem não só no Sul, mas também em todas as regiões do Brasil.
É preciso, pois, homenagear o migrante nordestino, que tem representado, com sua força de trabalho, o Nordeste na construção e no progresso do Sudeste e do Sul.
Fonte: paulinas.org.br/diafeliz/
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