Powered By Blogger

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Chove. Nenhuma chuva cai...



Chove? Nenhuma chuva cai... 
Então onde é que eu sinto um dia
Em que o ruído da chuva atrai
A minha inútil agonia?

Onde é que chove, que eu o ouço?
Onde é que é triste, ó claro céu?
eu quero sorrir-te, e não posso,
Ó céu azul, chamar-te de meu...

E o escuro ruído da chuva
É constante em meu pensamento.
Meu ser é a invisível curva
Traçada pelo som do vento...

E eis que ante o sol e o azul do dia,
Como se a hora me estorvasse,
Eu sofro... E a luz e a sua alegria
Cai aos meus pés como um disfarce.

Ah, na minha alma sempre chove.
Há sempre escuro dentro de mim.
Se escuto, alguém dentro de mim ouve
A chuva, como a voz de um fim...

Fernando Pessoa

Um comentário:

  1. consegues fazer uma análise deste poema? precisava de:
    _Elementos textuais que referem a realidade anterior.
    _O valor expressivo das interrogações que estão presentes ao longo deste poema.
    _ Interpretar os sentimentos do poeta relativamente "ao dia exterior".
    _ Um efeito de sentido produzido pelo recurso da linguagem presente em "Ó claro dia exterior,
    Ó céu mais útil que o meu pranto? "

    ResponderExcluir